Rua Maria Monteiro…Lojas e Negócios!

Diariamente, em caminhadas pelas ruas de Campinas, fico a observar as múltiplas mudanças no visual, ora com ipês floridos , ora com lojas se preparando para serem inauguradas, restaurantes com cardápios instigantes, propagandas sutis com soluções mágicas para problemas de saúde, beleza; emagrecimento; viagens maravilhosas e inesquecíveis a Bariloche, Disney, Paris… até aquela, com preços módicos à Terra Santa  do vigário de Nossa Nenhora das Dores, passando por Roma, Fátima, Lourdes.

Ponho-me a divagar, absorvido pelos projetos criativos de ocupação de espaços para destacar roupas finas, sorvetes apetitosos, comidinhas saborosas e até  agências bancárias dos principais bancos da praça!  O Santander, então, revela especial atração pela rua Maria Monteiro, onde se faz presente com três agências! Uma, para correntistas comuns, com suas economias mais modestas. Estes lotam o estacionamento, ali na esquina, na agência dr. Quirino,no cruzamento com a rua Conceição; outra, a mais sofisticada, indo para o Tênis, para clientes VIP, com cafezinho especial. Perto dali, quase defronte, a terceira agência voltada à exportação, câmbio…Cambuí faz bem por seu ar de bairro parisiense, gente bonita,  saudável, de bem com a vida, de -iphone nas mãos…

Impressiono-me com esse “abre e fecha” dos estabelecimentos comerciais. De início, parece terem sido montados, sem avaliação mais detalhada quanto ao potencial de sucesso. Alguns proprietários,  baseados em sua intuição, investiram bons valores, mas três ou quatro meses depois, sentem o peso dos custos e do baixo retorno.  Assim, boa  aprte deles sem fôlego para esperar e com estoque elevado, contas e contas para pagar começam a avaliar ser melhor fechar as portas, antes que o prejuízio se avolume! Analisam custos com os investimentos feitos; rescisão trabalhista; multas contratuais pelo aluguel do local, dos balcões, do luminoso etc! Eles investiram no ponto, no visual, na contratação de vendedores, nas viagens  de avaliação de fornecedores, divulgações diversas, para naufragar ainda no início da aventura!

Triste ver que alguns puseram, neste negócio, reservas acumuladas por longo tempo; outros até financiaram tudo e, agora, vêem que a clientela não veio; o estoque cada vez mais elevado! A prefeitura segue cobrando as taxas, os representantes de vendas cobrando as faturas! Fica-se procurando um culpado para o insuceso: talvez a   falta de estacionamento na frente da loja com clientes preferindo shoppings, onde se sentem mais seguros e com estacionamento à vontade. Talvez os preços estejam salgados, ou a qualidade acima do que os clientes buscam, ou mesmo abaixo…

O sonho de vender o cobiçado assaí,  revigorante e saudável ou o desejo de embelezar casas com flores importadas de Taiwan; ou as as roupas de marca vindas de BH ou de Nova York assim como aquelas lembrancinhas chinesas! Tudo se acumulou e não há sinais positivos de vendas!

Passei por um casal, em acalorada discussão, na porta de sua loja, nove da manhã, entre lamúrias e mágoas pelo dinheiro enterrado numa loja bonita,  esquecida dos clientes por falta de estacionamento, enquanto outro mais adiante dizia que, no verão, tem certeza de que venderá o estoque de sorvete, não comercializado nos meses frios… 

Já chegando ao Tênis, onde iria fazer minha academia, vi-me, de forma Inconscientemte,  acompanhando uma doméstica comunicativa, bem na minha frente, a dizer: Olívia, já falei que é feio ficar fazendo xixi a cada dez minutos! Olha o Sansão mais obediente que você! Este é um cachorrinho que dá gosto! Você não respeita nem a frente do banco  dos ricos!

Antonio Carlos Vaz de Lima

Campinas, 11.9.2018

Para o neto, Mateus. Ele disse que sua professora lhe pediu para ler uma crônica na aula.

Há 17 anos, neste horário, as torres gêmeas de Nova York acabavam-se  destruídas e milhares mortos!